Sobre uma velha máquina de escrever e o apego às coisas materiais…

Na casa dos meus avós maternos tinha uma máquina de escrever pela qual eu era apaixonada desde criança (sim; eu sempre tive uma queda por coisas antigas). Essa máquina foi um presente do meu avô para minha mãe quando ela fez 15 anos mas minha avó não deixou que ela levasse quando se casou com meu pai.

A máquina ficou guardada no guarda-roupas por anos.

Certo dia, quando decidi fazer meu Instagram voltado para leitura, eu peguei a máquina no guarda-roupas para fazer umas fotos e falei : “vó a senhora podia me dar esta máquina, hein!”

Essa frase soou como uma declaração de guerra!

A dona Izabel virou uma fera! Brigou comigo; disse que eu queria pegar tudo o que era dela ( pois meu avô já tinha me dado uma televisão antiga que estava “jogada” no terraço), me disse coisas absurdas e eu acabei indo embora extremamente aborrecida com aquela reação desnecessária!

Minha avó era assim; era o jeito dela. Possuía uma estante com lindas taças e jogos de chá que jamais utilizou.

No fim do ano passado ela adoeceu e depois de meses de sofrimento, veio a falecer.

Na semana seguinte, fui visitar o meu avô e a primeira coisa que ele me disse foi: “pode levar a sua máquina de escrever.”

Eu recusei mas a minha mãe foi no guarda roupas e pegou a tal máquina que, de fato era dela, e me deu.

Agora ela está num lugar de destaque na minha sala (que está quase virando um museu de antiguidades) e vai ser muito utilizada nas fotos do meu insta @suemarinho (sigam por favor).

Mas a grande moral desta história é sobre o apego às coisas materiais. Do que adianta brigar tanto por “coisas” sendo que um dia partiremos deste mundo sem levar nada?

Eu queria olhar para essa máquina ter boas memórias afetivas mas a lembrança que ela vai me proporcionar será, na verdade uma lição de vida.